Resenha: A Coisa – Stephen King

Título: A Coisa

Título original: It

Autor: Stephen King

Ano de lançamento: 1986

Ano de lançamento no Brasil: 2014

Editora: Suma de Letras

Número de páginas: 1104

Skoob

Sinopse skoob:

Durante as férias escolares de 1958, em Derry, pacata cidadezinha do Maine, Bill, Richie, Stan, Mike, Eddie, Ben e Beverly aprenderam o real sentido da amizade, do amor, da confiança e... do medo. O mais profundo e tenebroso medo. Naquele verão, eles enfrentaram pela primeira vez a Coisa, um ser sobrenatural e maligno que deixou terríveis marcas de sangue em Derry. Quase trinta anos depois, os amigos voltam a se encontrar. Uma nova onda de terror tomou a pequena cidade. Mike Hanlon, o único que permanece em Derry, dá o sinal. Precisam unir forças novamente. A Coisa volta a atacar e eles devem cumprir a promessa selada com sangue que fizeram quando crianças. Só eles têm a chave do enigma. Só eles sabem o que se esconde nas entranhas de Derry. O tempo é curto, mas somente eles podem vencer a Coisa. Em 'It - A Coisa', clássico de Stephen King em nova edição, os amigos irão até o fim, mesmo que isso signifique ultrapassar os próprios limites.

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Gente... ler esse livro foi sair total e completamente da minha zona de conforto. Eu já contei para vocês que o primeiro livro de terror que li foi apenas ano passado, Nosferatu de Joe Hill, e adorei.

Mas fato é que sou muito medrosa e nunca achei que valeria a pena arriscar minhas noites de sono tranquilo por um livro de terror – filme nem se fala, passo a léguas de distância. Nosferatu achei bem tranquilo, mas Stephen King é famoso por tirar o sono das pessoas... sério que eu ia encarar um de mais de 1000 páginas?? Pois sim, lá fui eu.

Decidi ler o livro por indicação de um amigo que até o resenhou aqui para o blog na coluna Resenha do Leitor. Ele falou tão bem que fiquei muito curiosa. Na verdade eu sempre tive curiosidade em saber qual era a desse palhaço que matava crianças. Como esse meu amigo falou que não era tão assustador assim, eu decidi encarar. Aproveitei para ler para o Desafio Skoob 2015 que pedia um livro de terror para o mês de outubro!

Além de ser famoso por tirar o sono das pessoas, Stephen King também o é por ser muito prolixo em sua narrativa. E gente, isso ele é mesmo. Tem momentos que dá até para perder o fio da meada, porque a gente começa lendo uma coisa e o personagem começa a divagar e vai rolando uma sucessão de pensamentos e quando menos esperamos, o rumo já mudou totalmente. Em alguns momentos isso me irritava um pouco, mas depois acabei percebendo que de um jeito ou de outro, essa forma de narrar deixa tudo mais real. Afinal nós fazemos isso o tempo todo não é mesmo? Eu, pelo menos, faço o tempo todo!

Os capítulos são gigantes, mas eles têm subdivisões numeradas que facilitam caso a gente queira parar antes de terminar um capítulo, conferindo maior fluidez à obra.

Aliás, a diagramação do livro foi incrivelmente bem bolada. King vai nos apresentando aos personagens um de cada vez, quando adultos. Mesclado a isso, ele faz flashbacks mostrando a infância deles e o primeiro contato que cada um teve com Pennywise. E quando passa do presente para o passado, em cada parte, ele faz uma quebra de frase, continuando essa mesma frase no flashback. Achei isso sensacional, foi uma ótima sacada do autor. Durante toda a narrativa há esse intercalamento de passado com presente, ficando cada vez mais misturado à medida que o livro avança para o meio e do meio para o fim.

Acho que de todos os livros que já li, A Coisa foi o que mais me conquistou na diagramação do texto em si. Sem firulas da editora, sem ilustrações, mas de uma criatividade imensa na diagramação textual.

E no que diz respeito ao terror em si? Como a medrosa aqui reagiu? No geral tem sim algumas partes bem angustiantes, mas cenas que dão medo de verdade são poucas. Algumas dessas cenas foram realmente assustadoras e eu li de trás pra frente (sim, sou ridícula a esse ponto! Hahahaha). Mas tirando esses poucos momentos, apesar de o terror estar presente em toda a obra, não foi nada terrível. Não me tirou uma única noite de sono mas por via das dúvidas eu evitei ler sozinha à noite, hahahaha.

Os personagens são outro ponto forte da obra. Os garotos – e garota – são incríveis. Cada um com uma personalidade muito bem definida e bem aprofundada. Quase dá para saber como cada um vai agir em determinada situação, já que a sensação é de que somos amigos deles também. Somos parte do Clube dos Otários de Derry. Às vezes eu me sentia na sede do clube, fugindo de Henry e seus capangas, ou passando uma tarde brincando de armas no Barrens. Pennywise então, nem se fala...

O engraçado é que por nos apegarmos tanto a eles quando crianças, quando voltam, em 1985 e ficam em desalento ao ver o quanto Derry mudou, nós ficamos também. Nós também nos lembramos de cada canto da cidade e também nos apegamos àqueles momentos, então ficamos tristes ao ver que tal loja não existe mais, ou que o terreno onde as crianças iam brincar está vazio agora.

E a sensação que ficou quando o livro acabou foi de vazio. Foi de saudade. Saudade de Ben e Mike, de Bervely e Richie, de Bill e Eddie e Stan. Saudade da infância, de Derry, do Barrens. Saudade do Pennywise? Não, dele não.

(Você quer saber spoilers da trama? É só escolher a pílula vermelha e você irá perceber que foi apenas o começo!)

Fiquei em dúvida se eu colocava a barra de spoiler aqui nessa resenha, mas decidi colocar. Vai que tem alguém aí medroso que nem eu e que não quer arriscar ler o livro, mas está curioso para saber qual é a desse palhaço, né?

Bom, o Pennywise nada mais é que um ser antiquíssimo que chegou na Terra vindo de outro planeta, outra galáxia, outro macroverso, enfim.... confesso que achei meio nhé ser um ET, mas fazer o que né? O ser é um dos seres mais antigos e poderosos já criados.

A Coisa é como um bicho papão que se transforma naquilo que é o maior medo de quem a vê. Ninguém a vê na forma crua, original. Sempre na forma que ela assume para assustar a pessoa – ou na forma do palhaço. Aliás, ele é ela. É uma fêmea. Mas achei meio mal explicada a origem dela. Existem outras iguais? Porque decidiu parar na Terra? Porque veio só uma e não mais da mesma espécie? Enfim, alguns pontos achei que poderiam ter sido melhores explorados, mas não é um livro de ficção científica, então tá valendo. O terror, parte a que se propôs a obra, está impecável!

No fim das contas eles conseguem matar a Coisa, custando a vida de Eddie – além de Stan que se suicidou bem no início, quando Mike recrutou-os a voltar para Derry. Os outros cinco sobrevivem, mas esquecem tudo que aconteceu, inclusive um do outro. :(

Samy =)