Resenha: Como eu era Antes de Você – Jojo Moyes

Título: Como eu era Antes de Você

Título original: Me Before You

Autor: Jojo Moyes

Ano de lançamento: 2012

Ano de lançamento no Brasil: 2013

Editora: Intríseca

Número de páginas: 320

Skoob

Sinopse oficial:

Aos 26 anos, Louisa Clark não tem muitas ambições. Ela mora com os pais, a irmã mãe solteira, o sobrinho pequeno e um avô que precisa de cuidados constantes desde que sofreu um derrame. Além disso, trabalha como garçonete num café, um emprego que ela adora e que, apesar de não pagar muito, ajuda nas despesas. E namora Patrick, um triatleta que não parece interessado nela. Não que ela se importe.
Quando o café fecha as portas, Lou se vê obrigada a procurar outro emprego. Sem muitas qualificações, a ex-garçonete consegue trabalho como cuidadora de um tetraplégico. Will Traynor, de 35 anos, é inteligente, rico e mal-humorado. Preso a uma cadeira de rodas depois de um acidente de moto, o antes ativo e esportivo Will desconta toda a sua amargura em quem estiver por perto e planeja dar um fim ao seu sofrimento. O que Will não sabe é que Lou está prestes a trazer cor a sua vida. E nenhum dos dois desconfia de que irá mudar para sempre a história um do outro.

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Hoje vou falar de um livro que estava interessada em ler já há algum tempo por causa das tantas resenhas positivas que li a respeito dele. Estava um pouco apreensiva em ser mais uma autora estilo Nicholas Sparks, mas me enganei – apesar do estilo da autora também ser bem dramático (pelo menos nesse livro).

Você já viu o filme Intocáveis? Gostou? Então recomendo que leia Como eu era antes de você. Pode ser clichê, mas eu não consegui ler o livro e não relembrar algumas cenas desse filme, que é um dos meus favoritos, ou evitar fazer comparações. Tive a impressão que a autora se baseou na história do francês Philippe Pozzo di Borgo e seu cuidador Abdel Sellou (Philippe e Driss, no filme) para escrever seu livro, tantas são as semelhanças.

Li em algumas resenhas que é um livro voltado para o público feminino, e não pude deixar de me perguntar porque aquelas pessoas tinham esse pensamento.  Será pelo fato de a protagonista ser uma mulher? Por ser narrado por uma mulher? Ou pela capa, que é meio feminina e não chama a atenção do sexo masculino? Porque pela estória, não acredito que seja. Nisso comecei a pensar em quantos homens não devem ter desistido de ler o livro por causa da capa e no quanto o exterior – por mais que não queiramos admitir – pode influenciar nosso interesse inicial por alguma obra. Eu digo que, se algum rapaz deixou de ler esse livro pela capa, ou pela narradora ser uma moça, perdeu uma ótima chance de refletir sobre a vida.

Para mim, esse livro, mais do que um passatempo, foi um convite à reflexão. Fiquei pensando em como a nossa vida pode mudar de um instante para outro, sem nenhum aviso prévio e sem uma chance de poder fazer algo para evitar. Nos mostra como somos frágeis. Eu tentava me colocar no lugar de Will ou de Louisa e pensava no desespero que deve ser estar em uma das duas situações e acabei sem ter ideia de como me comportaria. Um outro tema igualmente polêmico – que não irei falar aqui – é abordado no decorrer da estória e nos faz pensar e tentar formar uma opinião a respeito, ainda que não seja assim tão trivial.

Achei a escrita da autora muito envolvente – eu não conseguia parar de ler o livro – e muito sensível ao tratar de um tema tão delicado quanto a tetraplegia e todas as complicações que ela envolve. Não só pela impossibilidade de movimentação, mas por todos os problemas de saúde secundários e dores que essa condição acarreta. Confesso que não sabia nem a metade das coisas tratadas no livro, no que diz respeito a essa deficiência, e passei a ter outra visão sobre o assunto.

A narração é feita em primeira pessoa por Louisa e, algumas poucas vezes, por outros personagens secundários. O livro nos mostra o ponto de vista de cada envolvido, incluindo as famílias dos personagens principais, e sabemos o que pensam a respeito das situações apresentadas.

Os personagens foram muito bem construídos e gostei muito da família da protagonista. Bem real, com as brigas entre as irmãs e o problema de saúde do avô, o sobrinho que faz bagunça e os pais carinhosos e atenciosos, mas sem parecerem forçados. Podemos ver um grande amadurecimento dos personagens principais no decorrer da narrativa. Louisa passa de uma moça acomodada, que nunca sai da sua zona de conforto, a uma pessoa com iniciativa e determinada, que consegue resolver seus problemas e corre atrás do que quer. Gostei muito dela, ri bastante de suas trapalhadas e me comovi com seu enorme coração. Will mostra como é importante ter um objetivo na vida e um pouco de ambição. Consegue desfrutar de um pouco de paz e felicidade com a presença de Louisa, apesar das condições em que se encontra. Me diverti com suas ironias e respostas ácidas e sarcásticas. Foi um personagem apaixonante que me surpreendeu de diversas maneiras e consegui compreender perfeitamente seus momentos introspectivos, rudes e até grosseiros – mesmo sabendo que ninguém ao redor dele era responsável por isso, deve ser muito difícil manter um bom humor constante nessas condições.

É um livro perturbador que deixa um nó no estômago e um bolo na garganta durante algumas partes da estória, mas eu recomendo muito a leitura.

Samy =)