Resenha: A Profecia de Samsara – Letícia Vilela

Título: A Profecia de Samsara

Autora: Letícia Vilela

Ano de lançamento: 2014

Editora: Gutenberg

Número de páginas: 256

Skoob

Sinopse skoob:

Quando o príncipe do Clã mágico dos Devas é assassinado, as suspeitas recaem sobre sua própria mestra, Draupadi. O irmão do príncipe, o jovem Arjuna, jura vingar sua morte e persegue a criminosa pelos reinos mágicos da antiga Índia. Draupadi inicia sua fuga ao lado de Asti, uma humana a quem chama de filha, que guarda um segredo em seu corpo desde que nasceu - uma maldição ancestral em forma de tatuagem, da qual procura desesperadamente se libertar. Todos os fatos fazem os destinos de Arjuna e Asti convergirem definitivamente, o que torna inevitável a concretização da temível 'Profecia de Samsara'.

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Eu tinha esse livro na minha lista de desejados só de ler a sinopse. Não cheguei a ler nenhuma resenha e foi para lista. Parecia ser exatamente o tipo de livro que me agrada!

A série Red Luna surgiu como um cardgame e depois veio a ideia de publicar livros com a estória. No início da obra há um mapa, uma linha do tempo e uma espécie de tabela explicando as divisões dos seres que compõem a trama. Essa é a segunda publicação e o primeiro volume é intitulado A Biblioteca do Czar.

A série usa a mitologia hindu como base para sua fantasia e ficou simplesmente genial. Adorei 

conhecer um pouco mais de uma cultura que eu não tinha conhecimento algum, além de ter me estimulado a procurar mais a respeito. O épico hindu Mahabharata é o principal épico religioso da civilização indiana e tem uma importância fundamental na trama de A Profecia de Samsara. Indo além, Pandavas (o nome de uma família) e Arjuna (um príncipe) são nomes que encontramos tanto na história hindu quanto aqui na Profecia.

O mundo retratado na obra é bem complexo, com um tipo de criatura mais “evoluída” que os humanos. Essas criaturas são os Devas e há também os Varnis. Os Devas são divididos em três tipos, os Gaias, ligados à natureza, os Animatas, ligados à matéria e os Ignis, ligados à energia. Cada um desses tipos ainda é dividido em guildas de acordo com as especificidades do seu poder – manipular água, eletricidade, o vento, etc.

A criação dos Devas aconteceu pois há milhares de anos, a divindade da dimensão mágica de Maan – Hollow Deva – decidiu viver na Terra em forma humana. Mas ele veio associado a um elemental, um animal ou planta da sua dimensão. Essa associação humano+elemental é que caracteriza um Deva e concede os poderes aos humanos, chamados por eles de Alayas. Os Devas se alimentam da energia dos Alayas, concedida de boa vontade.

Já os Varnis lembram “vampiros”. Praticam um tipo de magia negra e sobrevivem à custa de sangue dos humanos – surgiram com outra divindidade, o Hollow Varnis, que não é muito desenvolvido nesse livro, uma vez que está aprisionado.

Você não entendeu nada da trama que eu falei até aqui? Não esquenta. Lendo o livro dá para entender direitinho – e eu realmente recomendo que você faça isso!!

A escrita da Letícia é muito fluida e gostosa de acompanhar, sem ser informal demais, mas sem ser erudita. A narração em terceira pessoa segue vários pontos de vista e a cada início de capítulo tem o nome do personagem que iremos acompanhar naquele momento. Os capítulos são curtíssimos, o que confere uma agilidade incrível à leitura.

Aliás, por falar nos personagens... gente! A Letícia e o Marcos acertaram a mão neles. Amei Draupadi e Asti, duas personagens femininas fortíssimas e maravilhosas! Draupadi dispensa comentários, já que é uma Deva – mas não posso deixar de dizer que é uma guerreira incrível! E Asti, mesmo sendo uma “simples Alaya” não se deixa abater e não abaixa a cabeça facilmente, mesmo para Devas prepotentes e que se acham o último biscoito do pacote. Sim, o comportamento tão superior de alguns Devas me irritou em alguns momentos e eu tive vontade dar uns sopapos neles, mas depois passou. Camil e Lis também foram muito bem construídas e são maravilhosas! Mesmo Arjuna teve seus momentos.

A diagramação ficou maravilhosa, com uma imagem na página que abre cada capítulo – imagem essa feita pela própria autora – junto com o nome do tal capítulo e do personagem que acompanharemos, como já disse.

Eu falei que esse é o segundo volume lançado, certo? Mas não há prejuízo algum em ler fora de ordem, como eu fiz, já que cada livro é escrito por um autor diferente – embora o Marcos, roteirista, esteja envolvido em ambos. Cada um segue personagens distintos, em momentos diferentes do tempo, mas no mesmo mundo.

O livro estava sendo sensacional e iria garantir 5 estrelas até a última página. Acabou perdendo uma estrela – leiam e saberão porque – mas continuou entrando para o hall de favoritos de 2015.

É uma fantasia nacional de altíssima qualidade e que eu recomendo fortemente aos amantes do gênero!

Por último... se eu visse as resenhas desse livro antes de ler ficaria muito com o pé atrás, já que todas são muito positivas. Acharia mesmo que é puxa-saquismo. Mas gente, podem confiar, não é! O livro é realmente muito bom e vale a pena ser lido, ok? ;)

(Você quer saber spoilers da trama? É só escolher a pílula vermelha e você irá perceber que isso tudo foi apenas o começo!)

Para quem curte um spoiler e ficou curioso porque o livro perdeu uma estrela, conto aqui... bom, três personagens morreram no decorrer da batalha com um Varnis, o Gaia Naguendra. Na última página, Asti com seus poderes recém adquiridos consegue salvá-las. Foi totalmente desnecessário, mesmo sendo personagens que eu tinha amado. Se você, autor, matou um personagem seu, mate-o de verdade, não volte atrás depois do que já foi feito. Não fica legal e fica super clichê. 

Também foi totalmente sem sentido e desnecessário, para mim, o beijo de Asti e Arjuna no último parágrafo e a declaração de amor. Não tinha nada no decorrer da trama que sugerisse um romance ou qualquer tipo de atração. Ficou bobo e meio forçado. Mais uma vez, sei de gente que gostou, mas eu achei muito nada a ver. 

Como tudo que não gostei aconteceu na última página, não seria justo tirar mais que uma estrela, mas fiquei triste, porque até então eu estava achando sensacional mesmo! De qualquer forma, continua como favorito, por todo o resto, embora tenha ficado com 4 estrelas. 

Samy =)