Resenha: Passarinho – Crystal Chan

Título: Passarinho

Título Original: Bird

Autora: Crystal Chan

Ano de lançamento: 2013

Ano de lançamento no Brasil: 2014

Editora: Intrínseca

Número de páginas: 224

Skoob

Sinopse skoob:

O avô de Joia parou de falar no dia em que matou o irmão dela. O menino se chamava John, e achava que tinha asas. Subia e saltava do alto de qualquer coisa, até ganhar do avô o apelido de Passarinho. Joia não teve a chance de conhecê-lo, pois Passarinho se jogou do penhasco bem no dia em que ela nasceu. Ainda assim, por muito tempo ela viveu à sombra de suas asas. Agora, aos doze anos, Joia mora em uma casa tomada por silêncio e segredos. Os pais culpam o avô pela tragédia do passado, atribuem a ele a má sorte da família. Joia tem certeza de que nunca será tão amada quanto o irmão, até que ela conhece um garoto misterioso no alto de uma árvore. Um garoto que também se chama John. O avô está convencido de que esse novo amigo é um duppy — um espírito maldoso —, mas Joia sabe que isso não é verdade. E talvez em John esteja a chave para quebrar a maldição que recaiu sobre sua família desde que Passarinho morreu.

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Quando eu peguei esse livro para ler, não sabia muito o que esperar. Decidi comprar pois achei em uma promoção e tinha lido muitas resenhas elogiosas a respeito, que me fizeram ficar curiosa, apesar de a sinopse não ter me cativado muito à primeira vista.

Apesar de não ter sido totalmente conquistada pela sinopse, as resenhas fizeram esse trabalho, como eu disse, e eu acabei escolhendo ler logo a obra para o desafio Literário do Tigre na categoria Livro com capa linda. Eu realmente adoro a capa desse livro. Além de ser azul tem uma silhueta de pássaro em textura, com a Joia lá em cima do penhasco. A Intrínseca não fez feio aqui.

Cada início de capítulo tem um desenho de pássaro e em algumas quebras dentro do próprio capítulo tem o mesmo pássaro, mas em miniatura. Não vi erros de revisão. Fiquei realmente bem contente com essa edição.

Sobre a estória então? No começo da leitura achei que não iria me prender tanto ao livro, mas poucas páginas depois de iniciar eu já tinha sido completamente envolvida pela vida de Joia e estava levemente angustiada pela situação que sua família passa. Imagino que perder um filho deve ser uma das piores coisas que pode acontecer a um pai. Se esse filho é uma criança de cinco anos, pode ser realmente insuportável! E realmente podemos ver os efeitos devastadores desse acontecimento em toda a família, desde os pais até o avô, que é considerado o responsável pela morte de Passarinho, e em Joia, a menina que nem conheceu o irmão, mas que vive sob a sombra dele por toda a vida.

Eu adorei ler o desenrolar da estória. O modo como o relacionamento entre as pessoas da família foi evoluindo, os pormenores que foram sendo revelados. Achei interessante pensar como a morte de uma pessoa importante para nós pode nos levar ao ponto que levou essa família e até que nível podemos colocar a culpa nesses acontecimentos pela nossa forma de conduzir a vida depois. Podemos culpar tal ocorrido por nossas fraquezas? Pelo fim da vontade de lutar? Tantos passam por isso e conseguem seguir em frente, tentando ver não o que se foi, mas o que ficou. Só que precisamos lembrar que cada caso é um caso e cada pessoa tem uma forma de reagir a determinadas situações.

Em alguns momentos a leitura me lembrou bastante o filme A Encantadora de Baleias. Pai, a menina de onze anos, também tinha um relacionamento difícil com o avô e, por mais que se esforçasse, não conseguia agradá-lo. Aqui, Joia se sente um pouco assim. E fiquei bem condoída com sua situação. Dessa forma vamos acompanhando a vida da menina mais ou menos a partir do momento que John entra em sua vida.

A leitura é fluida e bem rápida. Não tem muitas reviravoltas emocionantes, mas um ou outro pontos ajudam a nos prender à trama e nos deixar curiosos. Quem é John? É pura coincidência ele ter o mesmo nome do Passarinho? Ele é um duppy, como o avô pensa, e só está esperando uma oportunidade para fazer o mal? 

Apesar de ser um tema denso, Passarinho não é um livro pesado nem muito triste, embora uma ou duas lágrimas tenham rolado.

Ah, e antes que eu me esqueça... não falei que parte da família Campbell é jamaicana né? Os avós de Joia partiram da Jamaica para os EUA com seu filho, em busca de uma vida melhor. Por causa da origem da família, alguns costumes e superstições jamaicanos são mostrados no livro, como os duppies citados acima. Não é nada muito aprofundado, mas o suficiente para termos uma ideia de como é a cultura local no que diz respeito à espiritualidade. Também é o suficiente para dar um charme a mais à trama e um diferencial.

Eu gostei bastante da escrita da autora e adoraria ler outras obras dela. Infelizmente Passarinho é seu livro de estreia. Espero que ela não demore muito a lançar outros. Recomendo muito a leitura!

Samy =)