Título: Hibisco Roxo
Título original: Purple Hibiscus
Autora: Chimamanda Ngozi Adichie
Ano de lançamento: 2005
Ano de lançamento no Brasil: 2011
Editora: Companhia das Letras
Número de páginas: 328
Sinopse skoob:
Protagonista e narradora de Hibisco Roxo, a adolescente Kambili mostra como a religiosidade extremamente "branca" e católica de seu pai, Eugene, famoso industrial nigeriano, inferniza e destrói lentamente a vida de toda a família. O pavor de Eugene às tradições primitivas do povo nigeriano é tamanho que ele chega a rejeitar o pai, contador de histórias encantador, e a irmã, professora universitária esclarecida, temendo o inferno. Mas, apesar de sua clara violência e opressão, Eugene é benfeitor dos pobres e, estranhamente, apoia o jornal mais progressista do país. Durante uma temporada na casa de sua tia, Kambili acaba se apaixonando por um padre que é obrigado a deixar a Nigéria, por falta de segurança e de perspectiva de futuro. Enquanto narra as aventuras e desventuras de Kambili e de sua família, o romance também apresenta um retrato contundente e original da Nigéria atual, mostrando os remanescentes invasivos da colonização tanto no próprio país, como, certamente, também no resto do continente.
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Desde que li Sejamos Todos Feministas – que eu esqueci de postar a resenha, vou postar em breve! – eu fiquei interessada na Chimamanda. Aí quando houve o lançamento de Americanah eu comprei e logo fui ler. Achei incrível e já quis ler tudo que pudesse da autora! O próximo da lista foi Hibisco Roxo. Já tinha lido por aí que ele era bem melhor que Americanah e como eu já tinha gostado muito desse, me pareceu muito promissor! Aproveitei para ler na categoria "autor africano" do desafio Obverso Books.
Hibisco é bem mais curto e, diferente de Americanah que nos trás temas como racismo nos EUA e os motivos pelos quais muitos nigerianos acabaram saindo da Nigéria, esse primeiro livro lançado pela autora já nos mostra os resultados da colonização inglesa no país. Como a Nigéria teve sua religião e sua língua roubadas e como os estrangeiros conseguiram que os próprios nativos passassem a se achar inferiores aos brancos e a pregar a religião à qual foram submetidos. Adichie nos mostra como sua cultura foi escoando pela terra, junto com a dignidade de muitos nigerianos. Vemos sobre violência contra a mulher. Sobre impotência. Sobre saber o que é errado e ainda assim não conseguir se mover.
No livro nós acompanhamos uma família nigeriana muito rica e influente. Papa é um dos convertidos que acha que quem não se converteu ao cristianismo é pagão e não merece o menor respeito – mesmo que esse “outro” seja seu próprio pai. Ele cria os dois filhos em uma doutrina muito rígida e eles mal sabem o que é ser criança e, posteriormente, adolescentes.
A narrativa é feita em primeira pessoa pela voz de Kambili. Ela adora e venera o pai. Acha que nada do que ele faz é errado e que tudo é pensando no bem dela, de Jaja – seu irmão mais velho – e da Mama. A lavagem cerebral que ela sofreu e sofre foi tão grande que a menina era totalmente incapaz de fazer qualquer coisa – seja um gesto, um pensamento ou uma frase – se soubesse que seu pai não aprovaria. Pronta para ficar orgulhosa caso falasse algo que agradasse seu pai.
Em alguns momentos eu senti muita raiva da personagem. Claro que no fundo eu sabia que ela não tinha culpa alguma de ter sido criada como foi. Totalmente submissa e adoradora do Papa. Eu sentia raiva dela mesmo sabendo que não era culpa dela não conseguir fugir do jugo do pai, mesmo que estivesse longe dele, na casa da tia Ifeoma. Eu senti raiva dela por não ser forte o suficiente para se libertar. Por não ser corajosa o suficiente para ficar do lado certo ao invés de ficar do lado do pai. Eu senti raiva por tabela, porque quem eu realmente odiava era o Papa.
Apesar disso, eu sei que o Papa não era um homem de todo mau. O rigor religioso com o qual castiga a família só é comparável com a quantidade de benfeitorias que faz ao povo mais necessitado e às enormes somas doadas à igreja. Mas será que essas doações e ajudas valem de alguma coisa se você deixa seu pai na penúria, tendo todas as condições de ajuda-lo? Eu não consigo engolir isso. De que adianta fazer tudo que o padre manda se seu coração está duro para quem mais importa para você? Quem tipo de gente aplica castigos como os que ele aplica na família? Não as boas, certamente. Não são gestos e atitudes “montadas” que fazem de uma pessoa boa ou má. São as atitudes espontâneas. São as coisas que você faz e vêm do fundo, de dentro.
Mais uma vez, Chimamanda arrasou nas personagens! A Kambili me deu muita raiva em alguns momentos, mas foi uma personagem fantástica! Houve um crescimento tão grande dela no decorrer do livro que me deu até orgulho. A Mama também me deixou chateada em alguns momentos, mas fiquei orgulhosa dela – embora suas ações não sejam de todo justificáveis, esse é um ponto bem polêmico e legal de ser discutido. Ifeoma é uma mulher incrível! Cria os três filhos sozinha desde a morte do marido. É professora universitária e se vê em problemas com a ditadura no país e as condições cada vez mais precárias das Universidades.
Resumindo... quer saber mais da cultura nigeriana? Quer ler um livro fantástico que te faz pensar? Quer ler um livro com personagens maravilhosos? Escolha Hibisco Roxo!
Samy =)
Que bom que gostou do livro!
ResponderExcluirGosto muito de como os personagens foram construídos e da evolução da Kambili. A Ifeoma é maravilhosa :)
Maravilhoso, Ligia!! Agora quero Meio Sol Amarelo! :D
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