sábado, 12 de julho de 2014

Por trás do lápis: Marcelo Paschoalin


Fico muito feliz em trazer aqui para vocês mais uma entrevista com autor! A de hoje é de um
autor que virei fã após o primeiro livro que li dele, A Última Dama do Fogo. Já há um tempo tenho dado mais atenção aos autores nacionais e fiquei muito feliz em constatar que não estamos devendo em nada aos autores estrangeiros! Temos escritores extremamente talentosos na nossa terrinha! Marcelo Paschoalin é, certamente, um desses!

O autor possui vários livros publicados e são os seguintes:

– Regência de Ossos
– A última Dama do Fogo
– Eriana – Filha da Morte e Vida
– Anel Elemental: o Legado
– 1887: Sob o sol do Novo México
– Anel Elemental: a Nova Era
– Aventura e Magia
– The Someone Gem (em inglês, a quatro mãos)
– Dark Fate (em inglês)


Os três primeiros são ambientados em Andora, mas podem ser lidos de forma independente. Os outros quatro são de RPG – confesso que não entendo muito a respeito desse tipo de literatura, procurarei mais a respeito em breve. Para comprar qualquer dos livros, basta entrar na sua lojinha em Letra Impressa. E o melhor é que os exemplares vêm autografados! :D

Vamos saber um pouco mais do autor e suas obras??

Para começar, fale um pouco sobre você, para os nossos leitores que ainda não tiveram esse prazer, te conhecerem um pouco!

Eu sou Marcelo Paschoalin, escritor, psicólogo, tarólogo e estudioso das artes místicas – não necessariamente nessa ordem. – Nasci em Santo André, na Grande São Paulo, onde vivo com esposa, filha, e cinco gatos (todos adotados). Gosto bastante de ler ficção fantástica, ouvir música celta, jogar videogame, jogos de tabuleiro e RPG. Acho que é isso...

Preciso dizer que tem um ótimo gosto para hobbies! E quando você percebeu que o que realmente queria era escrever?

Acho que isso partiu das primeiras aulas de redação na escola. Eu gostava de contar histórias e queria fazer daquilo a minha vida. Escrevo para libertar as histórias que existem dentro de mim e precisam seguir seu caminho, com vida própria, sendo transformadas por cada leitor que as lê.

Talvez por uma questão cultural, os autores nacionais não são muito valorizados aqui no Brasil, seja pelas editoras, seja pelos leitores. Como leitora, acredito que isso pode estar começando a mudar. Qual a sua impressão como autor? Porque você acha que é comum essa desvalorização dos talentos nacionais?

Vivemos numa cultura onde “tudo o que vem de fora é melhor.” Quer assistir um filme? Procure uma produção de Hollywood. Quer ver um seriado fascinante? Procure algo feito pelos britânicos. Quer conhecer lugares lindos? Vá para a Grécia ou Caribe.

Só que não é assim. Sempre tivemos talentosos atores e diretores, sempre tivemos produções renomadas, sempre tivemos belezas naturais estupendas.

Tudo sempre existiu ao nosso redor, mas fomos culturalmente “cegados” pelo que dizem existir lá fora. Mas isso está mudando. Estamos enxergando a realidade pouco a pouco – nem que, para isso, o talento brasileiro precise ser primeiro reconhecido fora do país para depois o valorizarmos...

Então você acha que é por isso que os autores nacionais têm sido mais reconhecidos aqui dentro? Por começarem a fazer sucesso lá fora? Eu pensava que poderia ser por uma maior divulgação das obras ou até uma mudança na mentalidade das pessoas!


É uma soma de fatores. Ser bem sucedido lá fora torna o autor mais conhecido. Isso leva a perceber que existem outros bons autores nacionais. Consequentemente, lê-se e comenta-se mais sobre a literatura nacional. Não creio que seja ainda uma mudança na mentalidade das pessoas (continuamos com um índice inferior a cinco livros lidos por ano por habitante, incluindo-se aí gêneros como autoajuda e paradidáticos), mas estamos caminhando para isso.

Uma das frentes que trabalha para valorizar nossa literatura é a blogosfera literária. Se não fossem os inúmeros blogs de qualidade que hoje falam de livros nacionais, nossa situação seria ainda mais difícil.

Você é um leitor desde a infância, ou o amor pela leitura começou depois de mais velho? Tem algum autor que você considera sua inspiração?


Sempre gostei de ler – desde aqueles livrinhos de pano quando era pequeno até os volumes monstruosos de hoje. – Mas lembro de que o que me marcou foi, aos 8 anos, ter recebido de presente do meu pai o livro Vinte Mil Léguas Submarinas e A Volta ao Mundo em Oitenta Dias. Foram os livros que abriram as portas para meu mundo de leitura. Portanto, Jules Verne foi o primeiro de muitos... Mas nessa lista eu deveria incluir Sir Arthur Conan Doyle, Frank Herbert, Tolkien, Mary Stewart e muitos outros.

E quais os autores nacionais atuais mais te inspiram?

Gosto muito do trabalho de Georgette Silen, Ana Lúcia Merege e Eleonor Hertzog. São talentosas escritoras e recomendo sem pestanejar a encantadora literatura que produzem.

Quando li seu A Última Dama do Fogo, fiquei encantada por Deora. Temos uma escassez de personagens femininos interessantes na literatura mundial. Mesmo existindo muitas protagonistas mulheres atualmente, a maioria é bem definida em dois estilos (e estou simplificando aqui), ou a autossuficiente que não erra e é boa em tudo, ou a menininha frágil que precisa de proteção. Com Deora temos uma complexidade muito maior, pois a personagem é frágil em alguns momentos, erra, mas é extremamente forte por dentro e cresce imensamente durante a narrativa. Ainda não li Eriana, mas acredito que a personagem siga esse estilo mais complexo que vemos em Deora. Fico muito feliz que você tenha ido contra o fluxo e escrito a personagem, mas porque você fez isso? De onde surgiu a ideia de protagonistas mulheres?

A literatura fantástica tem deixado a mulher como uma personagem secundária. Muitas vezes, o que vemos é um reflexo de uma sociedade patriarcal (ou mesmo machista) que vê a mulher como uma de duas “coisas”: um troféu a ser conquistado (a princesa a ser salva) ou algo a ser exibido (a personagem que segue com o herói e serve apenas como interesse romântico).

Só que não é assim. Mulheres são heroínas na vida real e a literatura precisava refletir isso. O que fiz foi apenas dar voz às milhares de heroínas que batalham todos os dias e dar a elas a chance de brilharem numa narrativa centrada nelas. Cada uma de minhas leitoras é a mais sublime heroína representada por Deora, Eriana, Alexia e tantas outras personagens que criei.








Pelo que já li em algumas resenhas, parece que algumas pessoas gostariam que você desse continuidade à saga de Deora, o que você diz sobre isso? Acha que o fim dado à personagem é o que você almejava e está contente assim ou pretende dar continuidade ao que se iniciou em Piros?


Meus livros são interdependentes. Cada um deles pode ser lido separadamente, pois contém arcos narrativos completos, com começo, meio e fim. Porém, ao considerar o todo, temos uma visão maior da história, pois ela se completa – imagine ver apenas uma parte de um quadro a princípio, e depois dar um passo para trás e encarar toda a imagem. – Dessa maneira, a narrativa de Deora teve seu fim. Porém, reflexos dessa saga são vistos em Eriana, Regência de Ossos e Crença de Ossos (no prelo). O que aconteceu em Piros ressoa em toda a obra que escrevo nesse que chamo de “Mundo de Andora”.

Ah sim! Eu vi que alguns dos seus outros livros são ambientados em  Andora e fiquei com vontade ler o quanto antes.
Você realiza alguma pesquisa antes de escrever seus livros? E como surge a inspiração para o nome deles e dos personagens?


Sempre! Procuro criar um mundo de “baixa fantasia”, ou “espada e magia”, o que o leva para algo mais próximo de nossa Idade do Ferro e Idade Média do que histórias onde criaturas semi-humanas caminham abertamente pelas cidades e armas mágicas abundam. Gosto da magia como algo misterioso, não como algo banal – para tanto, conhecer nossa história me ajuda a escrever minha história.

E os nomes? De onde surgem? Principalmente para os personagens. É uma curiosidade que sempre tive. De onde os autores tiram os nomes para seus personagens. Principalmente os mais diferentes, como os seus!

Não chego a fazer um estudo linguístico, mas gosto de manter um certo padrão que denote um “conjunto verossímil” nos nomes. Por exemplo: alguns nomes são terminados em “anna/ana” (Mirhaanna, Eriana), outros terminam em “or” (Hanvor, Grenjor), e ainda há os que fogem a qualquer padrão – o que denota singularidades acerca da personagem, seja diretamente (não há ninguém como Deora, por exemplo) ou indiretamente (um nome ser homenagem a algo ou alguém).

De vez em quando lemos nos blogs que alguns autores não gostam de ler críticas aos seus trabalhos – inclusive autores parceiros de blogs, pelo que pude entender. Como você lida com as críticas?

Eu amo as críticas! Um dos meus posts mais lidos e comentados no blog fala exatamente sobre isso, então repito: "Um blog literário faz um favor AO ESCRITOR ao fazer uma resenha! Contudo, SEU DEVER é para com o LEITOR! O escritor tem de agradecer por ter seu trabalho divulgado – por menos que concorde com a crítica, pois precisa entender que nem todos compartilharão de sua opinião. A missão do blogueiro, ao resenhar, é trazer ao LEITOR a verdade sobre o livro – é por isso que o leitor acessa o blog." – o texto integral se encontra aqui!

Mudando um pouco de assunto, a bienal do livro de SP e RJ são grandes e bem famosas. Mas em BH também temos uma bienal que, talvez por falta de interesse, ou de demanda, é um evento bem menor, mas ainda assim, grande. Você já pensou na hipótese de levar seus livros para lá?

Sim, já pensei. O problema principal é logístico – é preciso pensar em transporte, hospedagem e alimentação. Resolvido esse entrave, seria um prazer estar em BH, pois tenho boas lembranças da capital mineira nos passeios que fiz no passado.

Torcerei para você aparecer lá em breve! E pode ter certeza que irei passar para te conhecer e bater um papo!
Muito obrigada por aceitar dar essa entrevista para o blog! Adorei saber mais sobre seu trabalho e espero continuar acompanhando suas publicações!


Sou eu que agradeço por esta oportunidade. Mais do que um prazer participar, foi uma honra. Assim como foi fantástico saber que minhas histórias tocaram seu coração e puderam fazer parte da sua vida. Gratidão.


 

Bom, pela entrevista deu para perceber que o autor é extremamente simpático e acessível né? Desse jeito dá até gosto indicar suas obras! Espero adquirir os outros livros ambientados em Andora o quanto antes!


Samy =)

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