terça-feira, 15 de julho de 2014

Resenha: Lonely Hearts Club – Elizabeth Eulberg


Título: Lonely Hearts Club
Título original: Lonely Hearts Club
Autor: Elizabeth Eulberg
Ano de lançamento: 2010
Ano de lançamento no Brasil: 2011
Editora: Intrínseca
Número de páginas: 238


Sinopse oficial:

Penny Lane Bloom cansou de tentar, cansou de ser magoada e decidiu: homens são o inimigo. Exceto, claro, os únicos quatro caras que nunca decepcionam uma garota — John, Paul, George e Ringo. E foi justamente nos Beatles que ela encontrou uma resposta à altura de sua indignação: Penny é fundadora e única afiliada do Lonely Hearts Club — o lugar certo para uma mulher que não precisa de namorados idiotas para ser feliz. Lá, ela sempre estará em primeiro lugar, e eles não são nem um pouco bem-vindos. O clube, é claro, vira o centro das atenções na escola McKinley. Penny, ao que tudo indica, não é a única aluna farta de ver as amigas mudarem completamente (quase sempre, para pior) só para agradar aos namorados, e de constatar que eles, na verdade, não estão nem aí. Agora, todas querem fazer parte do Lonely Hearts Club, e Penny é idolatrada por dezenas de meninas que não querem enxergar um namorado nem a quilômetros de distância. Jamais. Seja quem for. Mas será, realmente, que nenhum carinha vale a pena?

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Para começar, só me interessei por esse livro por causa dos Beatles. A sinopse não me ganhou muito e achei que o livro seria bem bobinho. Mas como tem muitas referências a uma banda que amo, achei que poderia salvar! Sempre acho interessantes as associações ou trocadilhos que diversos artistas fazem com as músicas do quarteto de Liverpool. Existem duas histórias da Turma da Mônica, por exemplo, que têm os Bítous como personagens e ambas são recheadas de referências aos nomes das músicas e os Beatlemaníacos podem se deliciar tentando encontrar.

Depois desse grande parênteses acima, vamos ao livro. É realmente bem adolescente. As meninas são bem imaturas e os meninos mais ainda. Desde a leitura da sinopse, imaginei o que poderia esperar dele e foi mais ou menos o que encontrei. Nada muito inovador, mas ainda assim, interessante. Acho que para as meninas adolescentes, que são o público-alvo do livro, pode ser bem inspirador. O decorrer do livro e o final são totalmente previsíveis, mas a estória acaba prendendo e a narrativa da autora é bem agradável.

O que achei interessante no livro é que, por mais que seja muito adolescente e a trama bobinha, aborda um tema que está muito em pauta ultimamente. A narradora, Penny, se dá conta do quão injusta é a sociedade para com a mulher. No caso dela, os olhos se abrem no quesito amoroso. Quando um cara está sozinho, é por opção. Quando uma menina está sozinha é porque nenhum cara a quis. Quando um relacionamento acaba, o cara vai ficar bem, curtir com os amigos e logo arrumar outra, já a menina vai entrar em depressão por causa do coração partido. Por mais que existam esses estereótipos, isso nunca foi e nunca será um padrão. As reações humanas são tão diversas quanto nossos sentimentos, porque então, via de regra, a menina vai sofrer e o cara não?

Em alguns momentos, Penny é bem exagerada e força um pouco as críticas à classe masculina, generalizando-as totalmente. Ao mesmo tempo, faz uma crítica às mulheres que não conseguem ficar sozinhas e engatam um relacionamento atrás do outro, apenas por medo da solidão, com pessoas que nem valem a pena. Também existem aqueles que nos fazem acreditar, fazendo críticas ou sugestões implícitas, que não somos autossuficientes ou não podemos ser felizes sem um homem ao lado, de que quando estamos sozinhas somos inferiores.  

Mas uma das maiores críticas que Penny faz é a respeito das garotas que começam a namorar e abandonam os amigos. Se anulam em função do namorado e mudam completamente suas personalidades para se adequar a ele. E isso não é uma exclusividade feminina. Muitos homens fazem isso também ao começar um namoro. Claro que todo mundo tem algo a melhorar e se seu relacionamento te faz mudar para melhor, ótimo! Mas se anular, não se valorizar e mudar completamente a personalidade porque o outro não gosta, isso não.

Penny também descobre que estar com alguém, não significa ter um namorado. E que amor não precisa vir, unicamente, de um companheiro. Por isso ela monta o Lonely Hearts Club e fica imensamente feliz quando vê várias amigas aderindo a ele.

Inclusive, esse é outro problema. Aprendemos desde cedo a não confiar nas outras mulheres, pois todas são falsas, assim como as amizades femininas. Nenhuma gosta de você de verdade e todos os elogios são falsos. Obviamente isso é uma mentira. As mulheres podem ser tão amigas quanto os homens, sinceras em suas opiniões e leais em suas amizades. Claro que existem mulheres falsas, da mesma forma que existem homens falsos e, mais uma vez, não podemos, de forma generalizar.

Os personagens não são muito profundos e bem desenvolvidos, mas podemos ver um crescimento neles no decorrer da narrativa, com as meninas se tornando mais fortes e mais unidas. Elas percebem que a amizade pode ser forte e que podem contar umas com as outras para resolver problemas diversos. Com personalidades totalmente distintas, Penny, Tracy e Diane mostram que não temos que ser iguais às nossas amigas ou gostar das mesmas coisas. E isso pode ser muito bom, pois podemos contribuir para um crescimento recíproco e mostrar pontos de vista diferentes para sair de algum dilema. A personagem mais marcante e interessante é, de longe, Diane. É a personagem que mais apresenta esse amadurecimento.

O tema é levado de forma bem leve e meio superficial, mas a semente foi plantada. No fim das contas, foi um livro interessante e que valeu a leitura. Se você é fã dos Beatles, leia. Se você não é e já passou na adolescência, vá por sua conta e risco!


Samy =)

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