Título:
Uma
Crônica Sobre a Pergunta
Autor:
Daniel
Manzoni
Ano
de lançamento: 2014
Editora: CRV
Número
de páginas: –
Sinopse oficial:
Você já se fez a pergunta "Quem sou eu?"?
Babil, um jovem inocente de uma escola pública de periferia da cidade de São
Paulo faz essa pergunta, em meio à tormenta dos conflitos da adolescência,
acreditando fortemente, como um porto seguro para um navio na tormenta, que
poderá respondê-la ao seguir uma carreira plena de cientista, mergulhado no conhecimento
acadêmico. Envolvido em uma trajetória de vida, para conquistar sua carreira
universitária, cheia de contradições insolúveis, descobertas, raiva e amor, vai
descobrindo que o mundo do conhecimento pode não ser a melhor opção para
responder sua pergunta.
________________________|||______________________
Como falei
aqui com vocês, assim que fiquei sabendo que o Daniel Manzoni lançaria um
livro, fiquei muito curiosa a respeito. Acho a escrita do autor muito
interessante e queria conferir logo essa novidade. Pude ler o livro e fico
muito feliz em poder compartilhar minhas impressões aqui com vocês!
Bom, a
narrativa é feita em terceira pessoa – com exceção de uma pequena parte do
prólogo, que é narrada em primeira pessoa. A partir do primeiro capítulo, temos
como foco Babil, um adolescente que estuda em uma escola na periferia de São
Paulo. Ele mora apenas com a mãe, que trabalha duro para conseguir sustentar
aos dois. O início é um pouco lento, pois somos ambientados à trama e
apresentados a alguns personagens. Mas depois de poucas páginas a narrativa
engrena e eu já não conseguia mais parar de ler. A narrativa é fluida e agradável.
Um dos
pontos que achei mais interessantes no livro – e bem diferente – é que apenas o
personagem principal tem nome – além de um
outro. Os demais personagens são referidos por alguma característica física ou
profissão.
Babil é um
garoto ingênuo, que tem sonhos cor-de-rosa e, apesar de toda a pobreza e de ter
que lutar para sobreviver a cada dia, ainda não foi atingido pela brutalidade
da vida real, continua sendo um sonhador e idealista. Ele acha que a vida pode
ser bela. É um personagem profundo, muito bem construído, com medos,
aflições, traumas, esperança. A mãe de Babil também foi um personagem que me
cativou. Ela é ignorante, mas demonstra compaixão e tem bom senso, apesar da
falta de estudo – aliás, essas duas coisas não estão, definitivamente ligadas
ao estudo, pelo que já pude perceber. Trabalha muito para manter o filho, por
isso não teve a chance de estudar, é honesta e ensinou ao filho a ser um homem
digno.
À medida
que vamos acompanhando a vida de Babil, vemos sua entrada no mundo acadêmico.
Confesso que não pude deixar de ficar com dó do personagem e sua ilusão de que
o cientista e professor (pelo menos o de universidade, na visão dele) são
valorizados nesse país. Me dava vontade falar: “não se iluda Babil, o
pesquisador não é nem um pouco valorizado!”. Ele segue seu coração e decide
entrar para a ciência, mas encontra muitos obstáculos.
Acredito
que muitos dos que viemos parar onde o Babil quer ir – o meio acadêmico –
sofremos exatamente o que é retratado no livro. “Vai fazer (coloque aqui a área
científica que quiser, comigo foi Ciências Biológicas)? Mas isso não dá
dinheiro!” Realmente é muito difícil alguém ficar rico nessa área, principalmente
porque não é uma profissão valorizada no Brasil. Imagine então quando se trata
de um menino pobre que precisa levar dinheiro para ajudar em casa? Porém as
dúvidas de Babil eram maiores que qualquer obstáculo que surgisse em sua
frente. E essas dúvidas, ele acreditava, poderiam ser sanadas com a ajuda da
ciência. Ele se mostrou extremamente determinado no decorrer da narrativa.
Além de
retratar de forma extremamente fiel o meio acadêmico, o livro trata de outro tema
muito discutido atualmente, a homossexualidade e a homofobia. Aqui, o autor
aproveita para apontar suas teorias a respeito desse assunto. Será que o próprio homossexual pode apresentar comportamentos homofóbicos? Talvez
inconscientemente, possivelmente por causa da não aceitação por parte da
sociedade como um todo. Talvez por medo, ou por vergonha, ou por culpa. Mas o
livro me fez pensar que essas pessoas – e aqui não sei se foi a ideia do autor
ou se eu que entendi dessa forma – não devem ter orgulho de ser gays. Elas devem ter orgulho de ser quem são. Em todos os sentidos da vida, incluindo a orientação
sexual. Ser gay é só um aspecto da vida dessa pessoa, não deveria defini-la e
nem prende-la.
Obviamente
existem lados bons na ciência e na vida de um pesquisador, mas não era a
intenção do autor focar nessa parte positiva, e sim fazer uma crítica ao modo
de funcionamento de um departamento ou laboratório de pesquisa. Achei uma
ótima leitura porque o livro consegue informar às pessoas que não estão incluídas
nos ambientes tratados na estória e leva-las a pensar.
Por último,
confesso que fiquei boquiaberta com a reviravolta mais para o final da estória e
amei a conclusão. Recomendo a
leitura!
Samy =)
Eu vou ler. Eu topo!!
ResponderExcluirAinda mais quem está na área acadêmica, se identifica total!!
ExcluirÓtima resenha! Tive a oportunidade de ajudar na leitura crítica da obra e acompanhar o processo.
ResponderExcluirUma Crônica sobre a Pergunta é cativante. Acredito que você conseguiu definir bem a essência do livro!
Abraços
Oi Ben! Fico feliz que vc tenha gostado da resenha! Principalmente tendo ajudado na leitura crítica do livro!
ExcluirAbraços!