Resenha: Ouro, Fogo e Megabytes – Felipe Castilho

Título: Ouro, Fogo e Megabytes

Autor: Felipe Castilho

Ano de lançamento: 2012

Editora: Gutenberg

Número de páginas: 288

Skoob

Sinopse skoob:

Como esconder uma suspensão escolar dos pais, resgatar uma criatura mágica das garras de uma poderosa e mal-intencionada corporação e ainda por cima salvar o país de um desastre sem precedentes?
Anderson Coelho, um garoto nada extraordinário de 12 anos, divide sua vida entre a pacata realidade escolar e uma gloriosa rotina virtual repleta de aventuras em Battle of Asgorath, jogo de RPG online em que jogadores do mundo todo vivem num universo medieval, cheio de fantasia. Lá, Anderson – ou Shadow, nome de seu avatar – tem vida de estrela: é o segundo colocado do ranking mundial. E são justamente suas habilidades que chamam a atenção de uma misteriosa organização, que o escolhe para comandar uma missão surpreendente junto com um grupo de ecoativistas nada convencionais.
Ao embarcar para São Paulo, Anderson mergulhará de cabeça em uma aventura muito mais fantástica que as vividas em seu computador. Os encontros com hackers ambientalistas, ativistas com estranhos modos de agir e muitas criaturas folclóricas oferecerão a Anderson Coelho respostas não só sobre sua missão, mas também sobre sua própria vida, enquanto um novo mundo se descortina diante de seus olhos.

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Ano passado tive a chance de ler a duologia do Eduardo Prota, Ibyranas, que é uma fantasia ambientada em um país fictício – as Ibyranas que dão nome à série – completamente baseado no Brasil colonial. As figuras fantásticas desse livro eram as do nosso folclore e eu fiquei super entusiasmada, pois é muito difícil achar esse tipo de livro. Os escritores de fantasia preferem, em geral, focar em figuras fantásticas já mais “batidas” ou criar figuras totalmente novas, do que arriscar nas figuras da nossa própria cultura, devido ao grande preconceito existente.

Eu achei sensacional e, meio por acaso, logo em seguida descobri essa série, O Legado Folclórico, escrita pelo Felipe Castilho! Fiquei bem animada e peguei para ler.

Foi uma leitura bem diferente da primeira, devo dizer. Enquanto o livro de Eduardo é ambientado no passado, no livro de Castilho temos uma ambientação mais atual. As tão famosas fantasias urbanas que vemos por aí hoje, com uma linguagem mais simples, mais atual.

Bom, eu já comecei gostando do Felipe por fazer um protagonista negro. É tão difícil vermos autores diversificando que acho super legal ver que alguns realmente fazem obras mais inclusivas – isso deveria ser a regra e não a exceção, a variedade é tão bela! E o Anderson é um amor de garoto! Meio nerdão, no sentido gamer, é viciado no MMORPG fictício Battle of Asgorath. Seu avatar, o elfo Shadow Hunter, é o segundo melhor colocado no ranking mundial e Anderson sente certo rancor do primeiro colocado. Sua cidade natal é a também fictícia Rastelinho, em Minas Gerais.

Em um dia normal de jogo aparece um noob puxando assunto no chat do jogo. Mesmo sendo dispensado, o tal estranho insiste e deixa claro a Anderson que não puxou assunto a toa. Precisa dele para um serviço “meio hacker, mas não exatamente” e o garoto precisaria passar alguns dias em SP. Como Anderson não manja nada do assunto, dispensa o cara mais uma vez e tira isso da cabeça. Obviamente não ficará por isso mesmo e Anderson acaba em São Paulo, junto com a Organização e José, o cara que o procurou.

Só posso dizer a vocês que Felipe Castilho conseguiu misturar MMORPG, hackers e figuras folclóricas sem deixar nada forçado e nem estranho. Ele conseguiu inserir as nossas lendas de uma forma deliciosa de se ler.

Em geral, eu prefiro as fantasias ambientadas no passado ou em um mundo totalmente novo. Acho mais fácil imaginar seres mitológicos em um ambiente menos tecnológico, por assim dizer. Mas já foram várias as fantasias contemporâneas que me conquistaram e a do Felipe fez isso com louvor.

Os personagens são muito bem construídos e você se pega com saudade deles quando o livro termina. A idade de cada um foi condizente com suas atitudes e ações e acho isso muito importante. Me incomoda crianças muito novas que parecem adultinhos, assim como jovens com atitudes muito infantis. Aqui tudo casou muito bem. As cenas de ação foram na medida certa para prender a atenção do leitor sem ficarem muito longas e quando ele se dá conta, não só sua atenção está presa, mas também seu fôlego.

Outro fator muito interessante na obra foram as críticas a várias facetas da sociedade que Castilho inseriu aqui. De manipulação das massas pela mídia, passando por manifestações políticas totalmente equivocadas, sem um propósito real, e indo até importantes questões ambientais, o autor nos faz pensar em coisas que estão acontecendo de verdade ao nosso redor atualmente e não damos a devida atenção.

O terceiro livro da saga foi lançado recentemente, se não me engano na Bienal do Rio, e acho que tem apenas mais um para completar a série! Mal posso esperar para ler o próximo e ver com Anderson vai ser sair na continuação dessa aventura em que se meteu! (Podemos esperar um mega lobisomem por aí, presente na capa do segundo volume!)

Recomendadíssimo!

Samy =)

*Livro lido para o Desafio Skoob 2015 na categoria Mitologia