Resenha: Coraline – Neil Gaiman

Título: Coraline

Título original: Coraline

Autor: Neil Gaiman

Ano de lançamento: 2002

Ano de lançamento no Brasil: 2003

Editora: Rocco Jovens Leitores

Número de páginas: 160

Skoob

Sinopse oficial:

A jovem Coraline acaba de se mudar para um apartamento num prédio antigo. Seus vizinhos são velhinhos excêntricos e amáveis que não conseguem dizer seu nome do jeito certo, mas encorajam sua curiosidade e seu instinto de exploração. Em uma tarde chuvosa, a menina consegue abrir uma porta que sempre estivera trancada na sala de visitas de casa e descobre um caminho para um misterioso apartamento ‘vazio’ no quarto andar do prédio. Para sua surpresa, o apartamento não tem nada de desabitado, e ela fica cara a cara com duas criaturas que afirmam ser seus “outros” pais. Na verdade, aquele parece ser um “outro” mundo mágico atrás da porta. Lá, há brinquedos incríveis e vizinhos que nunca falam seu nome errado. Porém a menina logo percebe que aquele mundo é tão mortal quanto encantador e que terá de usar toda a sua inteligência para derrotar seus adversários.

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Em geral eu detesto assistir a algum filme antes de ler o livro no qual foi baseado. Mas no caso de Coraline segui o caminho inverso. Surgiu a oportunidade de assistir ao filme e acabei assistindo, sem ter lido o livro ainda. Achava que não iria gostar muito da trama e por isso não persisti no meu lema de ler sempre o livro primeiro. Fico feliz em comunicar que estava muito errada! Primeiro fiquei completamente encantada pelo filme – pudera, do mesmo diretor do meu querido O Estranho Mundo de Jack, Henry Selick. Então quis ler logo o livro. Aproveitei que minhas leituras do desafio estavam adiantadas em maio e peguei o livro de Neil Gaiman para ler.

Bom, esse foi o primeiro livro infantil escrito pelo autor, já muito aclamado por leitores no mundo inteiro. O primeiro livro dele que li foi Stardust – que, coincidentemente, também conheci por causa do filme – e adorei. Como tinha gostado muito do filme Coraline, minhas expectativas para o livro estavam altas, e isso costuma ser bem perigoso! Quando não se espera muito de algo, é fácil ser surpreendido positivamente. Já quando se espera muito daquilo, qualquer defeito se torna muito maior. Acontece que Coraline superou em muito minhas ~altas expectativas!

Acredito que se eu tivesse lido quando criança, poderia não ter gostado tanto, já que sempre fui muito medrosa. Pois é, o livro é de arrepiar os pelinhos do braço! É tão bem escrito que as palavras se tornam imagens vívidas no decorrer da leitura – o que às vezes não acontece quando a narrativa não é tão boa. E posso garantir que essas imagens são bem assustadoras. Quem não teria medo dos seus próprios “outros” pais com botões no lugar dos olhos?! Pois é exatamente isso que Coraline, não Caroline, encontra ao atravessar a porta misteriosa da sala de visitas da sua nova casa.

Após explorar todo o terreno exterior da casa, ela acaba presa do lado de dentro por dias chuvosos. O que fazer então além de explorar o interior do seu apartamento? Quando uma porta trancada é aberta, apenas para revelar uma parede de tijolos impedindo a passagem, Coraline fica intrigada com aquilo. Dá para entender então porque sua alegria é tão grande ao descobrir que a parede de tijolos misteriosamente desapareceu, na segunda vez que abriu a porta.

Mais intrigante ainda é o fato de o outro lado ser exatamente igual ao seu apartamento. Incluindo seus pais. Com exceção dos olhos de botão. Coraline pode ficar para sempre em um mundo onde tem total atenção de seus pais, seus vizinhos nunca erram seu nome e o gato fala, além da comida ser deliciosa! Mas ela decide voltar para sua casa original, desapontando enormemente sua “outra” mãe. E um parênteses aqui, amei esse gato! Me diverti imensamente com suas tiradas sarcásticas e, por vezes, mal humoradas.

Quando retorna para casa e vê que seus pais desapareceram, Coraline percebe que terá que voltar ao “outro” mundo e recuperá-los, pois ela sabe que foi a “outra” mãe quem fez isso.

Com uma narrativa extremamente cativante e uma trama brilhantemente bem construída, Neil Gaiman se prova, mais uma vez, um excelente contador de estórias. Personagens muito bem trabalhados e construídos, desde a terrível vilã, até os “vizinhos malucos”. Nada de conto-de-fadas previsível e clichê. Nada de menininhas frágeis e indefesas. O que temos é uma menininha com muito medo, mas que faz o que é necessário assim mesmo! Porque isso é que é coragem!

Não pense que é parecido com Alice no país das Maravilhas, porque nesse mundo não tem nenhuma maravilha. E não pense que é parecido com Crônicas de Nárnia – por causa da porta mágica – já que aqui ninguém será coroado. O que espera Coraline é... hummmm, leia para descobrir!

“Porque — disse ela — quando você tem medo e faz mesmo assim, isso é coragem.”

Recomendo, recomendo e recomendo. Se até o icônico Lemony Snicket o recomendou, quem sou eu para não o fazer?! Só acho que acabou rápido demais!

Samy =)