quinta-feira, 19 de junho de 2014

Resenha: A Abadia de Northanger – Jane Austen


Título: A Abadia de Northanger
Título original: Northanger Abbey
Autor: Jane Austen
Ano de lançamento: 1817
Ano de lançamento no Brasil: 2011 (pela primeira vez em 1944)
Editora: BestBolso
Número de páginas: 256


Sinopse oficial:

Catherine Morland é porventura a mais estúpida das heroínas de Austen. A própria insistência no termo “heroína” ao longo da obra e a constatação recorrente do quão pouco este epíteto se adequa à personagem central fazem parte da carga irónica da história. E se Catherine é ingénua para lá do que seria aceitável, e o seu amado Henry a personificação de todas as virtudes masculinas mais do que seria saudável, a perfídia dos maus da fita - amigos falsos, interesseiros e fúteis – não lhes fica atrás no exagero. Tudo isto seria deveras irritante não fora o tom divertido com que Austen assume ao longo das duas partes que constituem este livro o quão inverossímeis são as suas personagens…

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Aproveitei o mês de junho do Desafio Literário do Tigre para ler Jane Austen! O tema desse mês era “Autores queridos: Em junho, escolha um livro de um autor que você ama e que seja inédito para você. Se dê a felicidade de ler alguém que você gosta!” Não é segredo nenhum que os romances históricos estão entre meus gêneros literários favoritos, certo? E Austen é a autora de um dos meus livros favoritos, Orgulho e Preconceito. Apesar disso, li pouquíssimo dela até hoje – apenas dois dos vários livros que escreveu. Sendo assim, decidi ler A Abadia de Northanger, que tinha comprado em uma promoção no submarino ano passado.

O estilo de escrita da autora está bem diferente nesse romance. Me lembrou o jeito de escrever de Lemony Snicket em Desventuras em Série. Calma, não estou comparando um escritor com outro nem seu estilo de escrita – muito menos o tipo de literatura. O que estou apontando é a forma como Jane Austen parece conversar com os leitores em alguns momentos do livro, da mesma forma que Lemony Snicket faz. Outra semelhança é a narrativa coalhada de ironias, sarcasmos e referências a outros autores.

Outro ponto interessante é que a autora defende os romances com unhas e dentes, seja nessas conversas com o leitor, seja nos diálogos entre os personagens. Os romances eram tidos como um tipo de literatura inferior, em sua época. Homens que se prezassem não liam romances e não se interessavam por mocinhas que tivessem essa preferencia literária. Na verdade, era motivo de vergonha ser pega lendo um romance. Jane Austen quer mostrar que isso é uma completa besteira. E que é ridículo os próprios autores dos romances ridicularizarem os personagens de outros autores do mesmo gênero literário.

Austen, nesse que foi seu primeiro romance escrito, ainda que publicado postumamente, também faz uma crítica, parodiando os romances góticos muito em voga na sua época, com mocinhas frágeis, vilões assustadores, castelos mal-assombrados e heróis super determinados. Por causa dessa intenção de parodiar, sua heroína não tem nenhuma das características encontradas nas heroínas que se prezassem na época. Não é especialmente bonita, nem muito inteligente e foi uma criança feia e “moleca”. Quando cresceu, pegou o gosto por livros e passava grande parte do tempo lendo os tais romances góticos. A família não é pobre, não passou por nenhuma tragédia, elas não vão perder a propriedade quando o pai morrer e a mãe não é nenhuma tapada – não se preocupem, nenhum spoiler aqui. É só uma família comum, com integrantes comuns. Os outros personagens também são extremamente caricatos, como os cansativos irmãos John e Isabella. E não podemos esquecer do mocinho Henry Tilney, com o qual é impossível não se apaixonar devido a seus modos divertidos e jeito leve de levar a vida. A heroína – e a autora faz questão de nos lembrar o tempo todo que, apesar da improbabilidade disso, ela é sim nossa heroína – é uma garota honesta, muito ingênua e que acredita que todo mundo é bom, ou pelo menos que merece esse crédito até provar o contrário.

Quando ela é convidada para passar uma temporada na Abadia Northanger, já vai predisposta a amar o local e pronta para se assustar com tudo, como mandam os romances góticos, que são seus favoritos! Ela realmente tem uma imaginação muito fértil que prega peças e a leva a situações deveras constrangedoras. Acho que isso foi determinante para eu me apegar bastante a ela, não perguntem porque!

O início do livro é um pouco devagar – apesar de eu ter gostado desse início mais lento – e depois vai ficando mais e mais interessante até você não conseguir largar o livro até terminar.

Não pegou o posto de meu favorito da autora, mas certamente foi uma leitura que valeu a pena! Jane Austen sempre vale. Recomendo!


Samy =)

4 comentários:

  1. Não gostei muito dos dois livros da Austen que li, mas esse aí parece bem diferente e divertido. Acho que vou dar uma chance a ele. :)

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    1. Ei Ligia! Dá uma chance sim! Eu sou suspeita, mas acho que Jane Austen sempre vale a pena! Quem sabe com esse a autora não sobe no seu conceito? ;)

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  2. Já li uns quatro romances de Jane Austen, mas só gostei um pouco de Orgulho e Preconceito. Não tiro o mérito histórico dos livros dela, até gosto das histórias, mas algo na escrita dela me incomoda. Talvez essa coisa que incomoda seja o que, algum dia, eu venha a apreciar, mas por enquanto ainda incomoda. Acho que vou dar mais uma chance a ela lendo este livro. Na sua resenha, ele me pareceu bem divertido.

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    1. Ih, pelo visto Jane Austen não tá com muito crédito entre os leitores aqui do blog não! hehehehe
      Espero que se dê melhor com esse Marina! Gosto tanto da autora que adoro quando outros leitores acabam curtindo também!

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