segunda-feira, 4 de julho de 2016

Resenha: Persepolis – Marjane Satrapi

Título: Persépolis
Título original: Persepolis
Autora: Marjane Satrapi
Ano de lançamento: 2000
Ano de lançamento no Brasil: 2007
Editora: Quadrinhos na Cia – Companhia das Letras
Número de páginas: 352

Sinopse skoob:

Marjane Satrapi tinha apenas dez anos quando se viu obrigada a usar o véu islâmico, numa sala de aula só de meninas. Nascida numa família moderna e politizada, em 1979 ela assistiu ao início da revolução que lançou o Irã nas trevas do regime xiita - apenas mais um capítulo nos muitos séculos de opressão do povo persa.
Vinte e cinco anos depois, com os olhos da menina que foi e a consciência política à flor da pele da adulta em que se transformou, Marjane emocionou leitores de todo o mundo com essa autobiografia em quadrinhos, que só na França vendeu mais de 400 mil exemplares.
 Em Persépolis, o pop encontra o épico, o oriente toca o ocidente, o humor se infiltra no drama - e o Irã parece muito mais próximo do que poderíamos suspeitar.

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Eu comprei Persépolis depois de muito ler a respeito dele. Todos os comentários foram tão positivos – e o tema tão interessante para mim – que não pude resistir.

Além disso, ano passado comecei a dar mais atenção aos quadrinhos e isso só fez com que eu quisesse mais ainda adquirir o livro.

Bom, quando comecei a leitura demorou um pouco até que eu conseguisse engrenar e caísse de cabeça no mundo tão diferente de Marjane. Confesso que meu conhecimento sobre o Irã era parquíssimo antes de começar a ler o livro e esse foi só um dos muitos pontos positivos dessa leitura. Ler é ampliar nossa visão de mundo, é conhecer novas culturas. E posso dizer que terminei essa leitura com muito mais conhecimento sobre o Oriente Médio do que quando comecei.




A ignorância era tão grande – e nesse ponto estou falando de mim – que eu não sabia que o uso do véu pelas mulheres iranianas aconteceu tão tarde na história. Uma menina pouco mais velha que eu conheceu a época em que as mulheres eram livres para usar – ou deixar de usar – o que bem entendessem.

Persepolis é aquele tipo de livro que você se arrepia quando lê. Não só pelo que está lendo, mas por saber que aquilo foi real! Como a autobiografia definitiva da autora, tudo aquilo que nos é narrado aconteceu com ela, com sua família, com seus amigos, com quem ela se importava. O medo da guerra, dos bombardeios, de chegar em casa e encontrar nada mais que ruínas, de ver que seus amigos, os pais dos seus amigos, seu vizinhos, seus parentes, estão morrendo. Poder morrer a qualquer minuto.




Satrapi nos mostra como era a vida antes da religião interferir tanto no Estado. Quando as mulheres eram livres para fazer (quase) o que bem entendessem com suas vidas. Antes que virassem escravas de um vestuário e de uma situação completa. Antes que a submissão viesse de forma tão forte e implacável. E é muito interessante ver que mesmo uma mudança tão drástica e que leva a um retrocesso tinha seus apoiadores, homens e mulheres. É bem obvio que cada opção terá apoiadores e oposição, mas ainda assim é um pouco chocante em ver pessoas apoiando o corte da própria liberdade.

Como podemos ver no decorrer de todo o livro, Marjane pertence a uma família de revolucionários, que lutaram contra as mudanças que estavam ocorrendo, até que não puderam mais lutar. Então ela tem a mente muito aberta e seus pais são  bem liberais e politizados.




Quando a religião passa a reger o país, Marjane se muda para a França para continuar seus estudos e perseguir seus sonhos que seriam completamente tolhidos no novo Irã. Nessa mudança Marjane se perde, se encontra, amadurece, percebe que tem que amadurecer mais, se reinventa. Ela é o que é e não tem vergonha nenhuma disso, embora não se orgulhe de todas as atitudes que tomou durante a vida. Toda a narração é feita de forma leve e condizente com a faixa etária narrada em cada momento.




É um livro que contribui para que fujamos do Perigo da História Única – quem não viu essa fala da Chimamanda Adichie no TED, assista aqui – e compreendamos melhor uma cultura tão distante de nós, mas ao mesmo tempo tão próxima. É um livro que deve ser lido por todos, homens, mulheres, velhos, jovens. É um livro que nos ajuda a abrir o coração e a mente. Leiam.



Samy =)

4 comentários:

  1. Adoro os livros da Marjane! Se você tiver uma chance, leia os outros livros dela. Gosto muito de "Frango com ameixas".

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    1. Pretendo ler todos dela daqui pra frente!! Vou procurar esse que você sugeriu! :D

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  2. Samy, tenho muito carinho por esse livro. Desde "Maus", passei a ter muito respeito pelas graphic novels e me interessar por qualquer uma. Li Persépolis há uns dois anos e o livro me relembra muito aquela fase da minha vida. Agora mesmo me lembrei de quando estava finalizando a leitura no chão da cozinha, apoiada na parede, e comecei a chorar.
    Achei muito legal tu também ter mencionado o vídeo da Chimamanda, pois pela realidade em que vivemos estamos quase condenados a só ver um lado da história, a ficarmos presos na caverna. Nesses momentos percebemos o papel da literatura pra nos tirar da caverna, e acho ainda mais legal quando se consegue fazer isso com um livro acessível, bacana, como Persépolis.

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    1. É tão bacana quando um livro nos marca assim né? Só de ouvir falar dele, muitas memórias são despertadas!
      Eu amo todos os vídeos da Chimamanda no TED. Essa mulher é incrível e preciso ler o último livro dela que me falta! <3

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