sábado, 15 de novembro de 2014

Resenha: Laranja Mecânica – Anthony Burgess


Título: Laranja Mecânica
Título original: A Clockwork Orange
Autor: Anthony Burgess
Ano de lançamento: 1962
Ano de lançamento no Brasil: 1970 (Li edição de 2004)
Editora: Aleph
Número de páginas: 200


Sinopse oficial:

Narrada pelo protagonista, o adolescente Alex, esta brilhante e perturbadora história cria uma sociedade futurista em que a violência atinge proporções gigantescas e provoca uma reposta igualmente agressiva de um governo totalitário. A estranha linguagem utilizada por Alex - soberbamente engendrada pelo autor - empresta uma dimensão quase lírica ao texto. Ao lado de "1984", de George Orwell, e "Admirável Mundo Novo", de Aldous Huxley, "Laranja Mecânica" é um dos ícones literários da alienação pós-industrial que caracterizou o século XX. Adaptado com maestria para o cinema em 1972 por Stanley Kubrick, é uma obra marcante: depois da sua leitura, você jamais será o mesmo.
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Para começar, eu amo o filme de Kubrick, Laranja Mecânica. Sabendo disso, é fácil acreditar que eu já queria ler o livro há muito tempo, certo? Por que só agora fui ler? Pura enrolação. Sem nem perceber a gente vai passando livros na frente de outros que queremos muito ler. Aproveitei o desafio literário do mês de outubro que era Ler um livro com a palavra mecânico(a) no título e parei de protelar a leitura.

Obviamente a música tema do post de hoje é a 9a sinfonia de Beethoven – ou parte dela. De forma alguma poderia ser outra.



Não sei se vocês já ouviram falar, mas Anthony Burgess usa vários neologismos no livro. Esses neologismos aparecem como gírias da época e são, ao mesmo tempo, um pequeno empecilho à leitura e uma grande mostra da criatividade do autor. Pelo que li, essas gírias são uma mistura de palavras eslavas com gírias de gangues de Londres dos anos 50-60. Transcrevo aqui um pequeno trecho da primeira página da obra para terem uma ideia do que quero dizer.

“Não tinham licença pra vender bebida, mas também ainda não tinha nenhuma lei contra prodar algumas das novas véssiches que eles costumavam botar no moloco, de modo que a gente podia pitar ele com velocete, ou sintemesque, ou drencrom, ou uma ou duas outras véssiches que deixavam a gente uns bons e tranqüilos quinze minutos horrorshow admirando Bog e Todos os Seus Bem Aventurados Anjos e Santos no sapato esquerdo, e com luzes pipocando dentro do mosgue.”
­_Alex

Só não precisam temer e já desistir do livro de antemão! Ele vale a pena! Mas por causa desse "dialeto", o nadsat (que significa adolescente), o começo da leitura foi realmente muito lento – pelo menos para mim – pois toda hora eu precisava ir ao fim para consultar o glossário. Depois de algumas muitas páginas, eu já conseguia lembrar o significado de quase todos esses neologismos, embora vez ou outra ainda precisasse voltar ao dicionário para relembrar. Dessa forma, a leitura começou a fluir muito mais rápido e ficou horrorshow!

Aliás, eu fiquei impressionada em como o filme foi fiel ao livro – pelo menos, pelo que pude me lembrar. Com exceção da idade dos personagens. Possivelmente porque ficaria muito chocante colocar garotos de 14-15 anos fazendo as coisas que esses fazem. Kubrick acabou por optar em colocar personagens mais velhos e acho que coube bem.

Lembro que li em uma resenha há um tempo a pessoa falando que tinha se apegado ao Alex. Foi a única resenha que li da obra antes de lê-la completa. Como eu me lembrava razoavelmente bem do personagem no filme, pensei algo do tipo “que loucura, como alguém pode se apegar a um ser repugnante e cruel como Alex??”. Aí que está. Obviamente acabei pagando língua.

A genialidade do autor está em conseguir fazer o leitor – pelo menos essa que vos fala – a ficar com dó e a gostar (sim, gostar!) de uma pessoa como Alex! Ele é desprezível, pratica atos execráveis, mas durante o decorrer do livro fiquei com dó dele e passei a tê-lo como meu drugue. Acredito que boa parte do mérito seja a narração em primeira pessoa. Como Alex está conversando diretamente conosco, fica mais fácil ganhar nossa afeição. Ele é simpático e carismático e te faz gostar dele. Sua personalidade é muito bem delineada, embora os outros personagens não tenham sido tão bem trabalhados quanto Alex – mas ainda assim personagens muito bem construídos.

Agora, que venham 1984 e Fahrenheit 451, para eu fechar minha leitura dos clássicos distópicos! Nem preciso falar que recomendo muitíssimo o livro, certo?



Samy =)

11 comentários:

  1. Eu também vi o filme antes de ler o livro, mas desde o filme simpatizei bastante com o Alex (o que é horrível, é claro). Eu sinto que ler o livro depois do filme tirou um pouco da graça da minha leitura, tanto que Laranja mecânica é um dos meus filmes favoritos, mas não um dos meus livros preferidos... Gosto mais de 1984, eu acho.

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    1. Pois é, eu sempre sinto isso! Qdo vejo o filme primeiro, a leitura do livro nunca é tão boa quanto poderia ser! Vou pegar 1984 o quanto antes! Quase li esse ano, mas acabei optando por Admirável Mundo Novo!

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  2. Adoro esse livro e gosto muito do filme também! Espero que você goste de 1984 e de Fahrenheit 451, acho os dois muito bons :)

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    1. Eu custei a engrenar, mas dps fluiu bem!
      Espero gostar desses outros dois tbm! ;)

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    2. Eu gosto de 1984 e o Fahrenheit é tipo isso também. Esses estilos são tão bacanas né?!

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  3. Sempre que eu vejo uma resenha de laranja mecânica por aí, eu leio. Teve uma época que eu caçava no google as resenhas kkk
    E sobre a você ter gostado do Alex... e ter lido em algum blog alguém dizendo isso haha Eu não lembrava se tinha expressado esse meu amor pelo Alex na minha resenha de Laranja Mecânica, mas claro que lembrava do quanto eu tinha gostado do personagem e fui verificar se eu tinha citado isso na resenha. E não é que tinha? Não sei se foi lá que você viu a louca (no caso eu) que gostou do Alex, só sei que agora eu posso dizer 'tamo junta!' KKKK
    No final das contas, gostei mais da sua resenha do que da minha haha
    Mar, http://sonambulismoliterario.blogspot.com.br/

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    1. Tocaí! o/
      Aliás, eu gostei mais da sua resenha que da minha.... hehehehe

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  4. Só um detalhe, eu acho essa edição maravilhosa de 50 anos, é mais bonitinha que as outras.

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  5. Ps: Eu acho que eu sou neutra em relação ao Alex, nunca pensei se gosto ou não.
    Por favor, não briguem comigo, sou amiga.

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