sábado, 28 de novembro de 2015

Resenha: A Morte e os Seis Mosqueteiros – Anatole Jelihovschi


Título: A Morte e os Seis Mosqueteiros
Autor: Anatole Jelihovschi
Ano de lançamento: 2015
Editora: Jaguatirica
Número de páginas: 140


Sinopse skoob:

Em seu novo romance policial, Anatole Jelihovschi mergulha fundo no cotidiano das infâncias perdidas, dos relacionamentos partidos, das oportunidades que tantos ainda acreditam distantes demais da realidade.
A morte e os seis mosqueteiros é a história de seis garotos muito amigos de uma favela. Quando crianças, tudo era uma grande brincadeira. Os meninos gostavam de se imaginar nos mundos de capa e espada, ou na peça ‘O fantasma da ópera’, mas na verdade moravam em uma favela violenta, com bandidos e policiais trocando tiros e matando gente. Ainda quando a infância sequer os havia deixado, a violência e o tráfico na comunidade em que viviam, de uma forma ou de outra, acabariam por envolvê- los em uma teia de morte, assassinando seus sentimentos, valores e, principalmente, sua amizade.

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O livro A Morte e os Seis Mosqueteiros chegou a mim por meio do book tour organizado pela produtora de conteúdo online da editora Jaguatirica. A sinopse me interessou bastante pois parecia se tratar de um livro que retrataria uma realidade à qual estamos muito “acostumados” no Brasil. A favela e seus moradores.




Primeiro gostaria de esclarecer um ponto que pode gerar controvérsia para quem lê a sinopse e depois lê o livro. Quando lemos “o novo romance policial” podemos ter uma ideia errada do que nos será apresentado no livro, embora não seja uma declaração equivocada.

Só que o que nos é narrado na obra difere bastante do comum que vemos em romances policiais. Aí você pergunta: o que você quer dizer com comum? O mais comum é vermos tudo narrado pelo lado do investigador, pela polícia, por delegados, mais raramente por um assassino. E, em geral, acontece um crime específico que nos é desvendado no decorrer da trama. Pelo menos é com isso que estou acostumada nos romances policiais.

E não é, absolutamente, o que acontece aqui.

Em A Morte e os Seis Mosqueteiros o autor retrata os horrores da vida na favela de forma bem contundente. Como eu nunca morei em uma e nunca participei daquela bizarrice que virou moda que é o tour em favelas, eu não sei como é exatamente a vida nesses locais, além de notícias que leio ou reportagens de jornal – que têm sido cada vez mais tendenciosas. Mas lendo a obra de Jelihovschi dá para acreditar que o que Zequinha conta na sua “autobiografia” poderia acontecer com qualquer garoto que calha morar nas favelas.

Zequinha conta a vida de trabalho duro que leva, os confrontos entre polícia e bandido e mostra que as outras pessoas, trabalhadoras honestas e dedicadas, tentam não se envolver e não ver nada do que acontece, para não virarem "testemunhas" e acabar dançando de graça.

É uma obra muito interessante para ajudar a tirar a ideia errada e o preconceito de quem acha que todo morador de favela é bandido, ou que está lá por falta de força de vontade ou porque não quis estudar para ser alguém na vida. A falácia da meritocracia não tem lugar aqui. Nós vemos pessoas que lutam para sair de uma condição de miséria mas que, muitas vezes, não conseguem fazer isso.

Com a narração em primeira pessoa conseguimos nos sentir na pele de José Antônio – o Zé Pequeno, ou Zequinha – seja quando conta da sua infância com os outros cinco amigos, os seis mosqueteiros do título, seja quando conta o desenrolar de sua história e de como a morte está presente de forma tão aterradora e constante nos morros.

Você tem medo dos bandidos da favela? Os moradores de lá que são homens pobres, mas trabalhadores também têm. A qualquer momento, qualquer um deles pode ser acusado de dedo-duro, o famoso X9, e pronto. Adeus. Sem chance de se defender, sem chance de escapar.

A polícia também não ajuda muito quando chega batendo em todo mundo, sem discriminação entre bandido ou não, e trocando tiros com traficantes e ladrões, fazendo com que pessoas inocentes paguem pelo erro de outros.

Apesar de ser um livro com tema muito denso não foi uma leitura penosa, pelo contrário. Além de ter um vocabulário e estilo de escrita bem simples, Zequinha narra muitos dos acontecimentos de forma natural e insere algumas críticas em meio a essa narrativa. Mesmo sendo um jovem que largou a escola cedo e não é “culto”, podemos ver que a vida na favela o fez amadurecer e perceber como as diferenças sociais podem interferir na vida de um jovem ou de uma criança.

A narrativa linear, sem flashbacks, nos deixa inseguros quanto ao rumo dos acontecimentos, já que nesse local onde os seis mosqueteiros vivem, tudo pode acontecer.

O que aconteceu com os outros cinco mosqueteiros? Zequinha vai sucumbir à bandidagem ou seguirá um propósito mais firme na vida? Essas e outras perguntas me mantiveram grudada na leitura. Com direito a uma bela e surpreendete reviravolta no final, Anatole Jelihovschi fechou muito bem seu livro e me deixou curiosa para ler outras obras suas no futuro!




Lembrando que o livro será sorteado ao final do book tour e para participar basta preencher o formulário abaixo!
 

Samy =)

3 comentários:

  1. Parece ser bem interessante, vai para a lista de futuras leituras :)

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  2. Oi, Samy!
    Adorei sua resenha, impecável!
    O livro é bem intrigante mesmo e a narrativa foi feita de uma forma simples, porém intensa ao mesmo tempo. Concordo com você: o autor soube mesmo trabalhar o tema e apresentar um ponto de vista diferente do comum.
    É uma ótima obra!
    Abraços!!
    Até + ver! Nu.
    As 1001 Nuccias | Curtiu?

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  3. Achei fascinante essa perspectiva diferente que o autor usou no livro. É uma leitura fascinante apesar de muito densa. Gostei bastante do livro e não esperava que ele fosse assim tão bom.

    Adorei sua resenha.

    Beijoka
    http://minhacontracapa.com.br/

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