sábado, 19 de abril de 2014

Resenha: Extraordinário – R. J. Palacio


Título: Extraordinário
Título original: Wonder
Autor: R. J. Palacio
Ano de lançamento: 2012
Ano de lançamento no Brasil: 2013
Editora: Intrínseca
Número de páginas: 320


Sinopse oficial:

August Pullman, o Auggie, nasceu com uma síndrome genética cuja sequela é uma severa deformidade facial, que lhe impôs diversas cirurgias e complicações médicas. Por isso ele nunca frequentou uma escola de verdade... até agora. Todo mundo sabe que é difícil ser um aluno novo, mais ainda quando se tem um rosto tão diferente. Prestes a começar o quinto ano em um colégio particular de Nova York, Auggie tem uma missão nada fácil pela frente: convencer os colegas de que, apesar da aparência incomum, ele é um menino igual a todos os outros.

Narrado da perspectiva de Auggie e também de seus familiares e amigos, com momentos comoventes e outros descontraídos, Extraordinário consegue captar o impacto que um menino pode causar na vida e no comportamento de todos, família, amigos e comunidade - um impacto forte, comovente e, sem dúvida nenhuma, extraordinariamente positivo, que vai tocar todo tipo de leitor.

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O livro de hoje foi escolhido por causa das várias indicações que recebi dele. Amigos, mães de amigos, conhecidos, todo mundo me falou que era lindo, super emocionante e que valia a pena ler. 
Como o Desafio Literário do Tigre de abril era Ler um Hype do Momento eu achei que Extraordinário se encaixava muitíssimo bem, visto que muita gente está lendo e comentando o livro de estréia de R. J. Palacio. Estava um pouco com o pé atrás por todo mundo estar comentando sobre o livro preconceito, eu sei – mas acabei me rendendo à leitura.

Por não poder comprar o livro no papel agora, acabei comprando o ebook. Certamente comprarei o livro de "verdade" em algum momento, mas como estava a 8 reais na amazon Brasil se alguém se interessar – não me arrependi de ter comprado e podido ler de uma vez!

Coincidentemente, no dia em que comecei a ler o livro, o Felipe escolheu para assistirmos o filme O Homem Elefante, que trata da história verídica de Joseph Merrick (John, no filme), um homem que nasceu com diversas más-formações em todo o corpo devido a complicações que sua mãe teve durante a gravidez. Devido à sua aparência grotesca, ele “trabalha” em um circo e assusta muitas pessoas, à primeira vista. Mas, por dentro, podemos ver que é um ser humano normal e encantador – muito melhor que vários, aparente e fisicamente, perfeitos que vemos por aí. A belíssima obra dirigida por David Lynch não é um retrato fiel da vida de Joseph, mas consegue passar a mensagem desejada, que é mostrar como podia ser a vida que uma pessoa com tais problemas no século XIX. Mas porque estou falando disso? Não era uma resenha sobre o livro? Sim. Mas são tantas as semelhanças entre os dois – personagem e pessoa – que não pude deixar de fazer uma comparação. Talvez alguns comportamentos do século XIX não sejam tão diferentes dos nossos como podemos ou queremos pensar.

Assim como John Merrick, August é uma criança encantadora, que gosta das mesmas coisas que qualquer criança de 10 anos gosta, como Star Wars, vídeo-game, HQs, brincar com seus ~poucos amigos, brincar com sua querida cadelinha Daisy. Mas as pessoas não o veem assim. Porque ele é, fisicamente, diferente de todas as outras crianças, ele não pode ser uma criança “comum”?

“A única razão de eu não ser comum é que ninguém, além de mim, me enxerga dessa forma.”
_Auggie

O livro é dividido em 8 partes e na folha de apresentação de cada parte, além de um desenho, tem uma citação – aliás, a diagramação do livro ficou impecável! Parabéns à Intrínseca. E qual não foi a minha surpresa quando vi uma citação de John Merrick! (Pensando bem, eu não deveria ter ficado tão surpresa assim, afinal eu, com certeza, não fui a única a comparar ambos não é mesmo? Obviamente a autora e diversos outros leitores pensaram nisso também).

“Às vezes acho que minha cabeça é tão grande porque é muito cheia de sonhos.”
_John Merrick

Eu achei que o livro seria todo narrado por Auggie – a narração é sempre feita em primeira pessoa – mas não. Cada parte é narrada por um personagem diferente, com diferentes graus de envolvimento com o garotinho. Achei muito interessante, pois dessa forma, podemos perceber o ponto de vista e consequências que uma pessoa fisicamente diferente pode trazer às pessoas próximas. Qual o impacto na vida de sua irmã? E de seus amigos? A autora nos dá um vislumbre disso com as narrações de diferentes personagens. Como as narrações são feitas por crianças e adolescentes, não podemos esperar uma linguagem difícil ou uma narrativa complexa. Para se adequar ao perfil dos narradores, a narrativa é fluida e fácil. E extremamente “aconchegante”, “acolhedora”. Foi uma delícia de ler.

Sempre que leio um livro, acabo me colocando no lugar dos personagens e tento me imaginar em uma situação semelhante. Dessa forma, me peguei pensando em como eu iria reagir ao ver uma criança como Auggie. Gostaria muito que minha reação não fosse sair gritando ou ficar encarando a pessoa. Mas quando nos deparamos com situações inesperadas, é muito difícil prever nossa reação. Acho muito difícil uma pessoa agir com total naturalidade, à primeira vista, já que tudo que é muito diferente, nos chama a atenção e reagimos instintivamente.

Esse é um livro que, definitivamente, nos faz pensar. É emocionante, lindo e profundo. Realmente recomendo a todos! Certamente é um dos livros que guardarei para os meus filhos!



Samy =)

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