sábado, 31 de maio de 2014

Resenha: O Morro dos Ventos Uivantes – Emily Brontë


Título: O Morro dos Ventos Uivantes
Título original: Wuthering Heights
Autor: Emily Brontë
Ano de lançamento: 1847
Ano de lançamento no Brasil: 1938 (edição que li de 2009)
Editora: Lua de Papel – grupo Leya (primeiro publicado pela editora Globo)
Número de páginas: 292


Sinopse oficial:

Na fazenda chamada Morro dos Ventos Uivantes nasce uma paixão devastadora entre Heathcliff e Catherine, amigos de infância e cruelmente separados pelo destino. Mas a união do casal é mais forte do que qualquer tormenta: um amor proibido que deixará rastros de ira e vingança. "Meu amor por Heathcliff é como uma rocha eterna. Eu sou Heathcliff", diz a apaixonada Cathy. O único romance escrito por Emily Brontë e uma das histórias de amor mais surpreendentes de todos os tempos, O Morro dos Ventos Uivantes é um clássico da literatura inglesa e tornou-se o livro favorito de milhares de pessoas.

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Esse sempre foi um livro meio desprezado por mim, nunca soube o porquê. Não tinha uma vontade enorme de comprar e nunca tive oportunidade de pegar emprestado com ninguém. Quando vi que tinha uma promoção no submarino e o livro estava a 6 reais, não resisti. Aproveitei que uma das categorias do Desafio Literário 2014 era Ler um livro com capa preta e me joguei na leitura.

(Essa resenha foi postada antes de eu começar a colocar músicas nos posts, mas não pude deixar de fazer um update aqui, já que essa música foi completamente inspirada no filme! Deixo a versão que mais gosto, mas a versão orginal pode ser conferida aqui!)


Depois de ler a obra de Emily, deu para perceber que os Brontë não foram uma família de escritores vulgares. Nascidos 6 irmãos e tendo chegado 4 à vida adulta, os membros mais famosos são Emily e Charlotte – essa última autora de Jane Eyre, um dos meus livros favoritos. Tanto O Morro dos Ventos Uivantes quanto a obra de Charlotte Brontë citada acima, fogem muito do estilo mais conhecido de romances de época, sendo que a obra de Emily foi o único romance escrito pela autora antes de sua morte precoce.

A estória é narrada em primeira pessoa por Ellen, ou Nelly, Dean, a ex-governanta e irmã de leite dos irmãos Hindley e Catherine Earnshaw. A narrativa é feita para o sr. Lockwood, atual inquilino da Granja dos Tordos que, assim como o Morro dos Ventos Uivantes, pertence ao sr. Heathcliff. Tentando entender o clima carregado e angustiante da residência vizinha à sua, ele solicita à sua governanta – que é a antiga governanta do Morro dos Ventos Uivantes – para contar a sua estória. Ele quer entender como Heathcliff, Catherine Heathcliff, Hareton Earnshaw e o mal-humorado empregado Joseph suportam viver em tamanha agonia e em meio a tantas desavenças e porque vivem desse modo.

O livro é extremamente denso – ainda que de leitura simples e descomplicada, apesar da linguagem formal da época – além de ser muito carregado, sombrio. Confesso que experimentei sentimentos múltiplos e contraditórios durante a leitura. Em um momento eu queria pausar um pouco a leitura e dar uma desafogada de tanta angústia e sofrimento. Mas ao mesmo tempo eu queria continuar lendo pois a estória é interessantíssima e nos prende como cola. Noutro momento eu me sentia irritada com alguns personagens, para logo em seguida ficar triste por eles. Comecei a detestar quase todos os envolvidos na trama, mas ao mesmo tempo queria entender o porquê de serem como são.

Uma coisa que não entendo é como alguém pode classificar como amor o sentimento entre Catherine Earnshaw e Heathcliff. A única palavra que me vem à cabeça para descrever a doentia relação entre eles é obsessão. Um amor jamais poderia destruir tantas vidas como acontece aqui. Jamais poderia consumir as pessoas da forma que vemos com Heathcliff e Catherine. O pior é que não afetou apenas a eles dois, mas a muitos inocentes. Pessoas extremamente egoístas e detestáveis, cruéis e arrogantes, que só pensam nelas e não fazem caso da onda de sofrimento que espalham – muitas vezes, premeditadamente. Heathcliff só tem ódio e rancor no coração e só consegue pensar em vingança. Não há espaço para amor em alguém assim, por mais que ele afirme que é o que sente.

A obra é um perfeito exemplo de como não devemos julgar os outros, sobretudo se não conhecemos a sua vida. Aqui, somos apresentados aos personagens e depois à sua estória. Minha opinião a respeito de alguns deles mudou completamente. No início da leitura achei Catherine, a segunda, insuportável, tratando mal a quem ela não conhecia, sem motivo algum. Depois de ficar a par de suas provações me compadeci dela e comecei a torcer por um final feliz para ela, ainda que isso se mostrasse extremamente improvável. Foi a única personagem a quem realmente me afeiçoei, apesar de seus tantos defeitos.

Com exceção de não ter entendido porque a obra é considerada uma bela estória de amor, é um livro que realmente vale a pena ler. Recomendo, mas não para momentos de fragilidade emocional.



Samy =)

2 comentários:

  1. Amo esse livro, ainda mais pela sua complexidade. Esse é o tipo de livro que as pessoas ou amam ou odeiam.
    A relação deles é realmente obsessiva e o amor nesse caso é colocado da maneira mais crua possível. Acho que é considerado um romance devido a todo o contexto da época.
    No inicio é mostrado o lado romântico, mesmo com a briga interna sobre o que é bom aos olhos da sociedade. Em seguida, é explorado através das atitudes principalmente de Heathcliff a reação ao sistema da época, com as diferenças sociais. Mostra o quanto essa reação pode afetar um indivíduo. Enfim, vou parar se não daqui a pouco faço um post aqui, rsrsrs.

    Bjim!!!

    Tammy - Livreando

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    Respostas
    1. Oi Tammy! O livro é muito bom! Disso não tenho dúvidas! Só não concordo que o sentimento entre os personagens principais seja "amor". Mas realmente, o livro leva a muitas reflexões!

      Beijos!

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